terça-feira, 7 de setembro de 2010

Noite

Ando nas ruas
deixo o vento me levar
bebo da água sagrada
que me leva ao mais
elevado estado etílico
que da asas a minha essência

na próxima esquina
ando em zig zag
até esbarrar com o mistério
que tento desvendar

caminhos que vão dar em nada
mesmo assim quero me embrenhar

imerso na mais sublime ilusão
pela flor mortal que contamina
os meus passos tortos

fico enfeitiçado pelo o cheiro
delicado da noite linda

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Transporte do Imaginário nº 2


Simples mortais
Com guarda-chuvas transcendentais
Se protegem da chuva ácida da vida

À procura de momentos íntimos
Bem longe dos lobos famintos
Perto do meio fio do mundo

Somos abundantes almas
À procura de poças cristalinas
Para afastar a tristeza
Completamente abismal

Transformando pedra em orvalho
Farelo em coração

(Denise Fraga e Luís Alexandre)

ESBOÇO


Perdida em meus pensamentos
pego o papel e o carvão
e logo se forma
a mais bela forma
da beleza que vem da alma
e encanta os olhos de todos
a obra que nunca termina
é inconstante como a vida

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dores do Mundo



Caminho na trilha do inseguro
Vivo intensamente as dores do mundo
Me banho na chuva do imaginário
Gosto de amores correspondidos

Salvo meu dia com humor
Ando na corda bamba
Passo as noites em claro
Pintando as cores da vida

Aprecio os lustres no teto
Me sinto como se fosse um deles
Que levam a luz a quem nem se quer
Nota de onde vem a claridade.

ViDa

Mais uma noite terminada
dentre tantas já vividas
ou sobrevividas
ao caos humano,
que nos torna o nosso maior inimigo
sigo em frente
como o rio segue o seu curso
com tantos obstáculos para desviar
e mesmo assim insiste em continuar.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

VESTIDO PRETO


O vento bate desalinha meus cabelos, embaralha meus pensamentos que fazem rolar a lágrima que eu tentava controlar. Ela desce sem que eu sinta por todo o rosto indo até o pescoço, que já não tem mais o calor de teus beijos que penetraram na minha alma um dia e hoje só há uma ausência de corescomo o vestido preto que uso.

domingo, 16 de maio de 2010

Depois de te ver

Não sinto fome
Não sinto frio
Não sinto medo
Só quero escrever
Escrever o que vem a mente
Tenho tanto a falar
Que sinto sede,
Sede de tudo o que nunca vivi.
Tenho gana de viver
Viver tudo aquilo que me move
que faz parte da minha essênciae
que aflora a cada dia de minha existência
A tua presença
Me contagia com a força que tens
de se lançar no mundo sem dúvidas,
sem culpa de ser o que é
e sem tempo a perder,
pois o que passou, passou
e serve de exemplo para novas tentativas de crescer,
antes de mais nada como ser humano.

sábado, 15 de maio de 2010

AUSÊNCIA SUBLINHADA

Olhar malicioso, penetrante e comovente
Abraço minha calma
Agora só de ti olhar me sinto dormente
Falsa calma que não absorve a alma
Apenas fuma penetravelmente.
Nessa caminhada que não sabemos aonde vai parar
E se danço a tua forma agora e sempre
Palhaço de ti caço uma dúvida em tua alma ainda presente

De poros, cuidados e inconsciência
Naquele gole que não desce mais.
E se deixar penetrar em minha alma tão sofrida pela sua falta
que nesse momento clama pela tua presença

Não faço mais força para dizer o que sinto
Berrei e gritei um brado
para fazer em teu peito o meu ninho
De pés e bandeiras da mesa em que sempre
bebo meu último gole ao lado de sua invisível presença.

Em uma comunhão nos entregamos aos intensos sentimentos e criamos - Ausência Sublinhada - Denise de Fraga, Raquel Gaio e Marcos Córdoba

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Comparação entre obras de tradição luso-brasileira e criações artísticas atuais

Analisando a obra de Gil Vicente, de 1517 – O Auto da Barca do Inferno – No gênero literário satírico, selecionei um trecho que trata a passagem de um fidalgo que cometera atitudes impróprias em sua vida terrena e se prevalecendo de sua posição para tentar embarcar na barca divinal - “Que me leixeis embarcar. Sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais” - e é lembrado pelo anjo de suas atitudes indignas e de desprezo que cometia contra o povo sofrido e queixoso, não lhe deixando embarcar – “Não se embarca tirania neste batel divinal”, só lhe restando a alternativa de embarcar no batel infernal em companhia de outros, que como ele, não tiveram atitudes dignas. E o arrais infernal, aguarda todos os candidatos com verdadeiro escárnio para lhes mostrar suas faltas, no seguinte trecho: “Embarque vossa doçura, que cá nos entenderemos... Tomarês um par de remos, veremos como remais, e, chegando ao nosso cais, todos bem vos serviremos”.Em um sentimento parecido com a obra de Gil Vicente, Zeca Baleiro, em sua composição – Heavy Metal do Senhor – cd “Por onde andará senhor Stephen Fry?”, 1997 – Mostra de forma irônica as diferenças entre Deus e o diabo, apontando a preferência pela imagem de Deus.Iniciando com uma contra cultura quando se refere ao cara mais underground que toca cover das canções celestiais, pois este sempre ficara em segundo plano, perante a sociedade católica, que acredita que a imagem de Deus é a do bem e a do diabo a do mau.Para justificar e moralizar a sociedade que deve ter uma regra de bom comportamento, assim como no auto de Gil Vicente, que cobra de todos os personagens que vão chegando para o embarque serem julgados pelo anjo e pelo diabo dos atos cometidos em vida, Zeca também expõe o julgamento pelo comportamento humano no refrão em que diz: “os santos pedem para deus rolar um som maneiro e Deus manda um som pesado”, como se o significado do “som pesado” fosse o castigo pelos erros cometidos por aqueles que querem um castigo leve, pedindo um som maneiro.E por fim, quando Baleiro diz que “a banda cover tá por fora e o mercado tá de olho no que deus criou” - refere-se aos ensinamentos sagrados que são passados de geração em geração através das religiões que ditam o comportamento do bom cristão e a melhor conduta para com seus semelhantes.



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A comparação entre a obra de tradição luso-brasileira de Gregório de Matos Guerra - Obra Poética "Pondera agora com mais atenção a formosura de D. Angela" - e a canção de um artista contemporâneo, Zeca Baleiro – “Quando ela dorme em minha casa”, encontramos o sentimento do “eu lírico”, o homem apaixonado, completamente entregue a paixão que o cega e o envolve no mais profundo prazer em desfrutar da companhia da mulher amada e uma enorme apatia, quando ela se vai.Gregório enaltece a mulher amada comparando- a a uma arquitetura e prefere não mais enxergar a perder o controle de seu estado de consciência em relação a esse amor.Já Zeca Baleiro, sente uma sensação de harmonia e paz ao ter o ser amado em sua casa e sabendo que essa tem um futuro a conquistar e se vai, vive de lamentos até a chegada de outra para colocar em seu lugar.

Edição de Referência:Obra Poética, de Gregório de Matos, 3ª edição, Editora Record, Rio de Janeiro, 1992.

Referência musical:Cd Balada do Asfalto & outros blues, ano 2005, de Zeca Baleiro.


domingo, 4 de abril de 2010

Breve olhar sobre um grande mestre

Hoje é uma linda manhã de domingo e estou lendo um pouco sobre Edvard Munch (1863 - 1944) que ainda menino perde sua mãe de tuberculose e em 1877 sua irmã Sophie de quinze anos, da mesma forma. De uma certa maneira estes acontecimentos foram essenciais em seu crerscimento artístico.
O artista tenta pintar, de forma incansável, em sua obra O Friso da Vida, aspectos inerentes ao ser humano. É por isso que me identifico com o seu trabalho, pois meu estado atual é de intensa busca pelo significado de estar vivo.
Tem uma obra do pintor que muito me emociona - O Grito (1893) - nela encontramos o tema central de Munch, o medo e a solidão do homem que faz ecoar o grito.


http://www.travessa.com.br/EDVARD_MUNCH_IMAGENS_DE_VIDA_E_DE_MORTE_1863_1944_KA/artigo/3e0c308c-9ee9-4559-9c59-fdcab2b6f91e

quinta-feira, 25 de março de 2010

Noite sem culpa

Já é noite
Enquanto todos dormem sem culpa
Eu ainda escrevo
Sem saber o que sou e o que espero
Dessa caminhada incansável
Em busca do que muitos chamam de felicidade
Se é que existe...
Quando me deitar quero fazer como tu
Dormir sem culpa de encontrar a felicidade
em poucos gestos, em poucas palavras e em novos amores.

domingo, 21 de março de 2010

Alma à Deriva

Acredito viver bem, até o momento que me encontro parada no mesmo ponto. Seré que tem que ser sempre assim?
A minha lucidez expõe minhas fraquezas e medos que tento esconder de mim mesma, para sobreviver no meu fundamentalismo pessoal. Por isso vivo cada vez menos o meu momento de lucidez, me embrenhando no universo paralelo a minha razão, vivendo de sonhos que busco para realizar esse pacto que fiz com meu interior insano. Que me deixa à deriva na busca pelo que sou, pelo que quero ser e o que consigo ser.